вторник, 2 марта 2010 г.

A Maslenitsa: festa de despedida do Inverno



Para o moscovita, absorvido na pressa do dia a dia e quase sempre ocupado, a semana de “Maslenitsa”, que se festeja em Fevereiro é um óptimo motivo para deixar a cidade e descobrir os prazeres do inverno russo. Não só por causa do ar fresco e apetite saudável que nos conquistam nos pinhais, mas também pela felicidade de nos deliciarmos com umas velhas tradições russas. Por isso, não hesitei quando surgiu a possibilidade de passar aquele domingo ao ar livre em boa companhia.

Partimos de manhã da estação Leningradski vokzal em direcção a Radíchevo, uma pequena aldeia no noroeste da região de Moscovo. Ainda que fizesse frio e nevasse muito fortemente (este inverno já foi considerado como um dos mais rigorosos e nevosos das últimas décadas, o que agora acontece raramente), o comboio estava cheio de amadores do lazer activo e entusiastas, ansiosos de celebrar a chegada da Primavera, embora só se manifestasse ainda no calendário. Depois de uma hora de caminhada a pé pela floresta coberta de um manto branco (muito espesso em certos lugares), chegámos finalmente a uma grande clareira enfeitada com fitas e figuras de neve, símbolos da “Maslenitsa”.



A Maslenitsa é na origem uma festa pagã, que depois do Baptismo da Rússia em 988 foi incluída no calendário ortodoxo como a última semana festiva antes da Quaresma. Tradicionalmente a Maslenitsa inaugurava a Primavera e o prolongamento do dia solar. Os crepes ou bliny em russo, prato principal que se comia na ocasião, simbolizava o Sol a crescer. O nome da festa Maslenitsa provém da palavra maslo, manteiga russa, com que as mulheres untavam os bliny. Agora os russos comem os bliny muito mais frequentemente, mas no tempo da Maslenitsa eles são consumidos em quantidades enormes e com todos os recheios possíveis: creme azedo, mel, carne, queijo, caviar etc. A celebração pressupõe inúmeros jogos e actividades lúdicas nos quais toda a gente participa com muito gosto.

Apenas chegados, acendemos uma fogueira para aquecer as mãos e os pés congelados e criar a respectiva atmosfera de festa. E a festa começa! Antes de tudo assistimos à conquista da fortaleza de neve, construída especialmente para o evento. Logo partilhamos a alegria de queimar a figura da própria Maslenitsa, símbolo do inverno, com que se vão embora todas as emoções negativas da estação, acompanhada pelo cantar em roda. Muitas pessoas estão vestidas de fatos tradicionais e recitam os tchastúchki, pequenos poemas de carácter humorístico, animando os participantes do festejo. Além disso tiramos fotografias de navios, casas, bonecos de neve, feitos com amor e imaginação.

Continuamos a celebração em torno da fogueira. A comer bliny e a beber chá recém-feitos ali mesmo na fogueira, enchemo-nos de tanto calor no coração, que o amor estranho dos russos pelo inverno se torna natural. E o frio já nem se sente tanto. O cheiro forte a pinha e a fumo, o brilho da neve e o sabor dos bliny são inesquecíveis e só falta cantar a popular Oi, moroz, moroz (Ó frio, frio) em coro… Poucas lembranças da velha Rússia no meio da cidade industrializada e friorenta. Nem tão longe de nós e criadas pelas próprias mãos!

Não sei por que é que a gente não gosta do inverno. Para mim, a existência de uma festa como a “Maslenitsa” basta para aguentar as temperaturas baixas. Já espero ansiosamente pelo próximo inverno. É para a alma!

A autora do artigo é Alexandra Rudakova.

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