пятница, 26 марта 2010 г.

Beijinhos de Portugal, ou Сomo Nós Сonhecemos Coimbra

Neste Inverno estivemos em Portugal. Nao foi a primeira vez, e já pensávamos que nada nos podia surpreender lá. Enganámo-nos redondamente! Descobrimos a cidade de Coimbra e logo percebemos que era bem diferente de tudo o que tínhamos visto antes...
Não tentamos dissipar estereótipos alguns, só queriamos compartilhar a nossa experiência, bem como as nossas emoções.


A primeira coisa que nos supreendeu (muuuito!) foi o tempo em Portugal. Nós todos sabemos que Portugal é um país bem quentinho.  Pelo menos pensávamos assim quando estávamos a fazer malas. Mas! Verificámos precisamente o contrário: embora todos os portuqueses neguem a existência do Inverno e do frio no seu país, verdade seja dita, não sentimos muito calor por lá!
 

A única coisa que nos salvou foi o aquecedor porque nos faltou o aquecimento central (se não há Inverno, para que é que serve ter aquecimento central?!) E foi-nos difícil  compreender como é que os portugueses podiam estar nas esplanadas à noite a beber cerveja ou a tomar o seu cafezinho. 
 
Também vale a pena descrever o ambiente bem especial da cidade estudantil. Nota-se nem só pela quantidade dos estudantes ou pela beleza da Universidade mais antiga de Portugal, mas o que é mais importante é que se pode sentir a presença das tradições ricas. Uma delas é, com certeza, fado de Coimbra, ou seja fado estudantil. É tão diferente do fado de Lisboa que ainda não se podem ser comparados. É cheio da energia e entusiasmo juvenil, mas ao mesmo tempo é muito lindo e não deixa de tocar no coração das pessoas! 
Mas nem tudo é tão fácil no mundo estudantil de Coimbra. Estámos a falar sobre a praxe. Claro que todos já conhecem este fenómeno. Nesta vez vimos o reverso da medalha: nem sabíamos que há o movimento anti-praxe entre os esdudantes, e quase toda a comunidade estudantil está dividida em dois grupos – pro e contra a praxe. Os primeiros defendem as tradições e a história rica da Universidade dizendo que é um dos fenómenos particulares de Coimbra. Outros insistem que a praxe representa humilhação, desigualdade, hierarquia e discriminação. Também refutam o conceito de traje como o símbolo da hierarquia.
 
Outra coisa que nos supreendeu é a actividade dos estudantes seja social contra a praxe ou as propinas, seja política a favor dos direitos humanos. O exemplo mais flagrante aqui é a República feminina e feminista chamada A República das Marias do Loureiro. Não vamos descrever o conceito da república em pormenores porque este tema merece mais um artigo, só queriamos mencionar esta mesma república porque as raparigas que moram lá lutam pelos direitos das mulheres.
 
Conhecemo-las na apresentação do filme brasileiro “Anjos do Sol” sobre a exploração sexual das crianças e tráfico das pessoas para os fins comerciais no Brasil. Para ver o filme à casa das Marias chegaram pessoas bem diferentes, nem só mulheres ou feministas. Depois do filme teve lugar uma discussão muito viva sobre o assunto que se desenvolveu noutra sobre imigração ilegal, direito para o aborto, prostituição nem só no Brasil mas em todo o mundo. Ficámos muito impressionadas pela conversa e pelas Marias, bem como pelos temas abordados.

* * *
Achamos que tivemos sorte de encontrar tais pessoas e é muito prazer para nós em conhecê-las e em termos sentido o ambiente especial da cidade porque nem todos os estudantes de Moscovo tem uma oportunidade destas. Da nossa parte fizemos o nosso melhor a representarmos a Rússia!

Catarina Casacova, Alhona Péplova


вторник, 2 марта 2010 г.

A Maslenitsa: festa de despedida do Inverno



Para o moscovita, absorvido na pressa do dia a dia e quase sempre ocupado, a semana de “Maslenitsa”, que se festeja em Fevereiro é um óptimo motivo para deixar a cidade e descobrir os prazeres do inverno russo. Não só por causa do ar fresco e apetite saudável que nos conquistam nos pinhais, mas também pela felicidade de nos deliciarmos com umas velhas tradições russas. Por isso, não hesitei quando surgiu a possibilidade de passar aquele domingo ao ar livre em boa companhia.

Partimos de manhã da estação Leningradski vokzal em direcção a Radíchevo, uma pequena aldeia no noroeste da região de Moscovo. Ainda que fizesse frio e nevasse muito fortemente (este inverno já foi considerado como um dos mais rigorosos e nevosos das últimas décadas, o que agora acontece raramente), o comboio estava cheio de amadores do lazer activo e entusiastas, ansiosos de celebrar a chegada da Primavera, embora só se manifestasse ainda no calendário. Depois de uma hora de caminhada a pé pela floresta coberta de um manto branco (muito espesso em certos lugares), chegámos finalmente a uma grande clareira enfeitada com fitas e figuras de neve, símbolos da “Maslenitsa”.



A Maslenitsa é na origem uma festa pagã, que depois do Baptismo da Rússia em 988 foi incluída no calendário ortodoxo como a última semana festiva antes da Quaresma. Tradicionalmente a Maslenitsa inaugurava a Primavera e o prolongamento do dia solar. Os crepes ou bliny em russo, prato principal que se comia na ocasião, simbolizava o Sol a crescer. O nome da festa Maslenitsa provém da palavra maslo, manteiga russa, com que as mulheres untavam os bliny. Agora os russos comem os bliny muito mais frequentemente, mas no tempo da Maslenitsa eles são consumidos em quantidades enormes e com todos os recheios possíveis: creme azedo, mel, carne, queijo, caviar etc. A celebração pressupõe inúmeros jogos e actividades lúdicas nos quais toda a gente participa com muito gosto.

Apenas chegados, acendemos uma fogueira para aquecer as mãos e os pés congelados e criar a respectiva atmosfera de festa. E a festa começa! Antes de tudo assistimos à conquista da fortaleza de neve, construída especialmente para o evento. Logo partilhamos a alegria de queimar a figura da própria Maslenitsa, símbolo do inverno, com que se vão embora todas as emoções negativas da estação, acompanhada pelo cantar em roda. Muitas pessoas estão vestidas de fatos tradicionais e recitam os tchastúchki, pequenos poemas de carácter humorístico, animando os participantes do festejo. Além disso tiramos fotografias de navios, casas, bonecos de neve, feitos com amor e imaginação.

Continuamos a celebração em torno da fogueira. A comer bliny e a beber chá recém-feitos ali mesmo na fogueira, enchemo-nos de tanto calor no coração, que o amor estranho dos russos pelo inverno se torna natural. E o frio já nem se sente tanto. O cheiro forte a pinha e a fumo, o brilho da neve e o sabor dos bliny são inesquecíveis e só falta cantar a popular Oi, moroz, moroz (Ó frio, frio) em coro… Poucas lembranças da velha Rússia no meio da cidade industrializada e friorenta. Nem tão longe de nós e criadas pelas próprias mãos!

Não sei por que é que a gente não gosta do inverno. Para mim, a existência de uma festa como a “Maslenitsa” basta para aguentar as temperaturas baixas. Já espero ansiosamente pelo próximo inverno. É para a alma!

A autora do artigo é Alexandra Rudakova.